quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Como está a Linha 2 do metrô do Rio?

Agora a integração para a Linha 2 do metrô da cidade do Rio é feita na estação Central, não mais no Estácio. Uso diariamente a composição que parte da Saens Peña e percebi que, de fato os vagões estão mais vazios na Linha 1. A pergunta é: o que mudou para os usuários da Linha 2? A impressão que tenho é que a mudança favoreceu os favorecidos de sempre. Mas, para não ser injusta, peço a descrição de vocês, já que não passei pela Linha 2 após a mudança.

Como está?

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Senso de humor

"O Rio de Janeiro é uma cidade colorida: o céu é azul, a linha é amarela, o comando é vermelho... E eu vou parar de falar antes que a coisa fique preta".

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Alô, alô Cabral!

Aqui quem fala é do Rio de Janeiro. Mais uma noite de guerra na Tijuca. O policiamento ostensivo de fato trouxe mais segurança, mas não resolve o problema do tráfico.

Ouça o que eu sempre escuto: Tiroteio no Morro da Formiga

Porta na cara do cara. Mas de que cara?

Você sabe o que define a sua segurança nos bancos?

Um flagrante feito pelo Núcleo Audiovisual do Circo Voador mostra que um branco e um negro têm tratamentos diferenciados quando são ou não barrados no detector de metal das portas giratórias.

Confira no link: Manifesto Porta na Cara

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Direitos Humanos

Texto enviado por companheira de sala de aula da pós:

OS HERÓIS DA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA

Há menos de um mês, seis traficantes foram encurralados por policiais e fizeram uma família refém na favela Vila dos Pinheiros, na Maré, zona norte do Rio de Janeiro. A condição para a rendição era emblemática: os homens queriam a presença da mídia e de familiares para que, segundo a própria imprensa noticiou, lhes fosse garantido o direito à vida. Houve a negociação e os seis foram presos.

Episódios de seqüestro público regularmente terminam dessa forma. As tragédias costumam acontecer justamente quando a polícia toma uma medida precipitada, como no caso do ônibus 174. Afinal, é razoável afirmar que a intenção de quem se esconde por trás de um refém seja a preservação de sua própria vida, independente da agressividade, do desespero e do medo que esteja sentindo. É fundamental, portanto, que a negociação seja incansável: a rendição é praticamente certa e a busca deve ser, sempre, pela resolução do foco de conflito sem que haja a morte de nenhum dos
envolvidos.

Não foi o que aconteceu na ação policial do dia 25 de setembro de 2009, no bairro de Vila Isabel. Um tiro de fuzil acertou a cabeça de Sergio Ferreira Pinto, que, cercado por policiais do 6º Batalhão e já baleado na barriga, fazia como refém Ana Cristina Garrido, dona de uma farmácia na Rua Pereira Nunes. Apesar de a ação ter terminado em uma morte violenta, o caso de Vila Isabel foi festejado efusivamente por quase todos os meios de comunicação.

O policial que efetuou o disparo foi o major João Jacques Busnello, que a imprensa imediatamente elegeu como novo herói nacional. Há cerca de cinco meses, o mesmo nome estampou os jornais: Busnello tinha sido preso em flagrante no estádio do Maracanã por lesão corporal dolosa, prevaricação e abuso de autoridade. Esse, no entanto, não é o crime mais grave atribuído ao major.

Em setembro de 1998, onze anos antes da ação policial em Vila Isabel , o jovem recruta do exército Wallace de Almeida caiu baleado pelas costas na porta da casa de sua mãe, na favela da Babilônia, na zona sul da cidade.

A equipe chefiada pelo então tenente Busnello – que já era conhecido pela truculência e arbitrariedade com que costumava agir no local – invadiu a residência, insultou parentes do rapaz e impediu o socorro imediato a Wallace, que acabou sendo arrastado morro abaixo pelos próprios policiais e faleceu logo após sua entrada no hospital.

Embora todas as provas apontassem para execução, o homicídio de Wallace – que tinha 18 anos, era negro e morador de favela – foi registrado como “morte em confronto com policiais”. A família denunciou João Jacques Busnello pelo assassinato, mas, como de praxe em casos de “auto de resistência”, o Tribunal de Justiça não aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público em 2007 – nove anos depois.

O caso chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que considerou que o Estado brasileiro não havia sido capaz de responsabilizar os autores da execução de Wallace. A OEA determinou que fosse promovida a plena reparação dos familiares de Wallace, o que forçou o governo do estado do Rio de Janeiro a realizar uma cerimônia oficial no último dia 25 de agosto – exatamente um mês antes do último
disparo de Busnello.

O caminho trilhado por João Jacques Busnello ao longo dos últimos onze anos é peculiar. O oficial da Polícia Militar do Rio de Janeiro foi acusado da execução de um rapaz negro, foi promovido a capitão, passou pelo BOPE, assumiu o comando do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios, foi preso por lesão corporal dolosa, até que, já elevado ao posto de major, se tornou “herói” na televisão e nos principais jornais, onde se expôs orgulhoso como o protagonista de mais uma ação da Polícia Militar que termina com a morte de um rapaz negro. Para coroar a carreira do policial Busnello, um deputado já anunciou que vai lhe indicar para receber a Medalha Tiradentes.

Essa trajetória pode ser considerada um símbolo da política de segurança do governo do estado do Rio de Janeiro, que orienta e incentiva crimes e abusos dos agentes do Estado e que conta os mortos como uma prova de sua eficiência. Por sua vez, a reação dos meios de comunicação aponta para a naturalização da violência. É inaceitável que uma ação que termina em morte seja festejada.

FONTE: *Justiça Global*

Após um breve debate com ela, segue a minha opinião e minha justificativa em relação à Sociologia Urbana:

De fato a solução para a violência não é o extermínio. Somos todos vítimas. Quem mata, quem morre, quem aplaude, quem fica indiferente e quem é contra.

Concordo também que o currículo do policial é dos piores, reflexo da política de segurança de um governador igualmente corrupto. E a solução para o problema é política. ONG eficiente com um Estado que não atua, enxuga gelo.

Mas sou humana. E nessa condição o que acho inaceitável é ver minha mãe, meu pai, amigos, vizinhos - cidadãos - com uma granada na cabeça. Entre o cidadão e o bandido. Me desculpe, mas que morra ele SIM, já que ninguém atenta contra a vida de governantes no Brasil.

Antes de discorrer sociologicamente sobre o tema, me coloco no lugar do outro. Eu, como simples cidadã que sou - sem pretensão alguma de ser cientista social -, sou a favor dos direitos humanos dos cidadãos. E a favor de que todos sejam inseridos na categoria de cidadãos.

Com os estudos, textos e debates entendi muito mais dessa realidade e dos motivos que levam a ela. O que nada tem a ver com a minha opinião sobre essa realidade. A mudança, pra mim, só tem um caminho. Vem de cima para baixo - do governante sério para a população eleitora amadurecida -, já que nossa história não favorece uma revolução popular. E luto por isso. Me sensibilizo sim com quem teve sua cabeça como alvo e muito também com quem estava com a granada na cabeça. Talvez a atitude política dela tenha contrubuído pra isso. Mas não sou hipócrita de defender o bandido.

Procurei as ciências sociais buscando explicações. E achei. Mas não compro idéias hipócritas prontas.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Acompanhando de perto Cityando

Notícia do Globo Online: O governador do estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, vistoriaram, na segunda-feira (19), a obra de dragagem do Canal do Fundão. A obra está prevista para ser concluída até o fim de 2010 e tem como objetivo fazer circular a água para retirar todo o lodo dos canais do Cunha e do Fundão. Assim, esgoto será direcionado para as estações de tratamento de Alegria, despejando a água tratada da Baía de Guanabara.


Vamos esperar e cobrar. Essa assunto já foi tema de post neste blog no início do ano. Confira em: Quem vê cara não vê coração.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Education, o que é good nós não have

Em 2010, crianças a partir dos 6 anos de idade estudantes da rede municipal do Rio aprenderão inglês. Atualmente, só alunos do 6º ao 9ºano estudam a língua. De acordo com a secretária municipal de educação do Rio, Cláudia Costin, "o objetivo é que os alunos estejam bem preparados para ser bons anfitriões nas Olimpíadas de 2016".

Em primeiro lugar, o português é de boa qualidade?

Em segundo lugar, educação de qualidade é obrigação do governo e não precisa de incentivo olímpico.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Boa sorte, Rio! Olimpíadas longe daqui!

Penso em pelo menos cinco grandes motivos para o Rio não sediar as Olimpíadas de 2016:

1- Transporte de massa precário. O metrô já foi qualidade de vida. Ônibus e trens são caixotes velhos que armazenam gente.

2- Trânsito caótico. É o carioca que fica preso no engarrafamento nas principais vias da cidade. Faixa seletiva para atletas é enganação.

3- Saneamento lamentável. Quem nunca ficou ilhado na Praça da Bandeira, nos bolsões da Avenida Brasil e no Flamengo?

4- Hospitais sucateados. Nem comento...

5- Falta de segurança. Sinceramente, o turista pouco me importa porque quem ganha com os gringos são os empresários do ramo da hotelaria. Para a cidade nada.

Falo disso tudo para a população. E por falar nisso, soube que os americanos não querem os jogos por lá... E que ameaçaram ir às ruas, caso Chicago seja a cidade eleita.

Boa sorte, Rio! Que as Olimpíadas não venham e o dinheiro seja investido na cidade.

domingo, 20 de setembro de 2009

"Eu fui"

Está rolando no twitter...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Lá na terra do Sarney...

Uma coleguinha passeava por São Luís e flagrou a ortografia.

domingo, 6 de setembro de 2009

Rio favorito

A cidade do Rio de Janeiro é favorita para sediar as Olimpíadas de 2016. Como tantos já sabem, sou contra. Pego engarrafamento na Linha Amarela, na Linha Vermelha e na Avenida Brasil. Vejo hospitais ruindo por falta de investimento dos governos. Percebo que a educação pública não dá conta de formar cidadãos. Ouço as diferenças sociais todos os dias batendo em minha porta. Por causa disso, não quero os jogos por aqui. Sei que muitos discordam. Portanto, aguardo suas opiniões.

Twitter

O cityando agora tem uma nova ferramenta de discussão. Visitem www.twitter.com/cityando !!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pesquisa Cityando

Tenho uma idéia na cabeça e preciso de ajuda. Se você tivesse que escrever uma frase para o Sérgio Cabral, o que você escreveria?

Opine!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Click Cityando

Solução criativa de reivindicação na UERJ.



Tudo pelo coletivo!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Deu no jornal

* Mendicância não é mais crime no Brasil. Pois é... era crime e a pena variava de 15 dias a três meses de prisão.

* Fernando Sarney, filho do ex-presidente, é vice-presidente da CBF. Você sabia? Eu não. Tampouco sabia que a ilustre Confederação realizou doações para as campanhas de Roseana e seu pai.

* Nos dias 15 e 16 de agosto uma pista de gelo estará montada na Praia de Botafogo, zona sul do Rio, para a realização do Campeonato Internacional de Esportes na Neve. Cumã?!

* Candomblé agora é patrimônio imaterial do estado do Rio de Janeiro. Salve Ogum!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Polícia para quem precisa de polícia

Há quase uma semana uma patrulha da PM fica estacionada a poucos metros da minha casa. No começo, estranhei a novidade, apesar de julgá-la mais que necessária. Com o decorrer dos dias, percebi que eles estavam ali para ficar. Minha surpresa foi ainda maior quando eu constatei que, além da patrulha estacionada, o 6º BPM (Tijuca) continuava a fazer as rondas pela região. Na verdade, estranho é achar estranho ter a polícia por perto.

Na manhã de sexta-feira (10/07) eu passava pelo Largo da Segunda-Feira por volta das 7h40, enquanto os pedestres ainda estavam jogados ao chão e alguns motoristas escondidos nas laterais de seus carros. Segundos depois vi um corpo estirado no chão e pensei que fosse o bandido. Infelizmente, era o cabo do Batalhão de Operações Especiais (Bope) - Ênio Roberto Santiago dos Santos, de 32 anos – que, enquanto tentava evitar um assalto, foi baleado e acabou morrendo no sábado.

Os comentários que mais me impressionaram foram:

1- Ele não deveria ter reagido. Seria só mais um assalto... Foi bancar o herói e agora vai virar estatística (comentário de leitor).

2- Tijuca amanhece sem reforço no policiamento. Largo da Segunda-Feira conta com um policial a pé. (manchete de site).

Em primeiro lugar, se ele não tivesse reagido, poderiam ser dois mortos agora: o casal assaltado. O policial, por mais injusto que seja com a família, está (ou pelo menos deveria) 100% voltado para a segurança da população. De serviço ou não. É inerente à prática policial.

Em segundo lugar, a mídia não mente sobre o perigo da Tijuca, mas alimenta o imaginário de campo de guerra. O policiamento estava reforçado antes mesmo de o policial ser baleado. De que adiantaria 20 policiais hoje no local do crime? Nada. Assim como nada adiantou o reforço na Rua Uruguai com Conde de Bonfim após o segundo assalto a Marcelo Yuka. Há dois meses a patrulha foi alvejada por tiros.

Renovam-se as esperanças de uma política de segurança pública melhor com o novo comandante-geral,Mário Sérgio de Brito Duarte*?

* Gonçalense, ex-Bope, bacharelando em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), autor do livro "Incursionando no inferno - A verdade da tropa".

terça-feira, 30 de junho de 2009

O ar que se respira inspira novos tempos

Conforme foi noticiado, um golpe militar no último domingo (28/06) tirou do poder o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, detido na data marcada para um plebiscito sobre uma possível consulta acerca da possibilidade de uma reforma constitucional. Na Costa Rica, Zelaya declarou que foi vítima de um "sequestro brutal" por parte de um "grupo de militares" de seu país e afirma que estará de volta ao país na quinta-feira (02/07) para cumprir seu mandato de quatro anos.

Para Obama, se Zelaya não voltar à Presidência de Honduras, o golpe estabeleceria um "terrível precedente". Lula, por sua vez, afirma que o Brasil "não reconhece" o novo governo de Honduras e o Itamaraty suspendeu a volta do embaixador brasileiro ao país.

Estações de rádio e de TV de Honduras foram fechadas entre domingo e segunda. Soldados invadiram uma popular estação de rádio e fecharam as redes internacionais de TV CNN em Espanhol e Telesur, emissora venezuelana patrocinada por governos esquerdistas da América Latina.

Comentários que circulam na internet citam o acontecimento como legal, com base no Artigo 239 da Constituição de Honduras, que estabeleceria que: El ciudadano que haya desempeñado la titularidad del Poder Ejecutivo no podrá ser Presidente o Vicepresidente de la República. El que quebrante esta disposición o proponga su reforma, así como aquellos que lo apoyen directa o indirectamente, cesarán de inmediato en el desempeño de sus respectivos cargos y quedarán inhabilitados por diez (10) años para el ejercicio de toda función pública. Assim, o plebiscito seria inconstitucional e acarretaria a destituição automática do cargo.

Vivemos tempos democráticos. Isso é um fato. Os tempos de escuridão passaram e não podemos deixar que eles acordem. Se a destituição foi golpe, já sabemos o resultado: privação de todos os tipos de liberdade. Se a constituição prevê que não é possível questioná-la, a conta dá o mesmo número.

Inspirada em "Goodbye Bafana" (Mandela - A luta pela liberdade): "Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta. Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?...Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo". (Discurso de posse, 1994)

Enfim a Fenaj...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Diploma já!

Nesta quarta-feira (17/06), por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é inconstitucional a exigência do diploma de jornalismo e registro profissional no Ministério do Trabalho como condição para o exercício da profissão de jornalista.

O presidente do STF, Gilmar Mendes, foi o relator do processo e concordou com o argumento de que a exigência do diploma não está autorizada pela Constituição. Segundo ele, o fato de um jornalista ser graduado não significa mais qualidade aos profissionais da área. Junto com ele, votaram os ministros Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello. O único a votar pela exigência do diploma foi o ministro Marco Aurélio Mello.

Mendes sugeriu que os próprios meios de comunicação exerçam o mecanismo de controle na contratação de seus profissionais e comparou: “Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área”.

Mendes foi nomeado ministro do Supremo por FHC. E para poder ser nomeado, a constituição diz que é preciso: ser cidadão brasileiro com mais de 35 e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada (Artigo 101). Mas não precisa ser bacharel em Direito.

Para piorar: O fim da exigência do diploma foi comemorado pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ). De acordo com o diretor do Comitê de Relações Governamentais da entidade, Paulo Tonet Camargo, a decisão do Supremo oficializou o que já ocorria na prática.

De fato o diploma não garante qualidade de informação. Mas isso é um outro assunto. O diploma assegura não só a qualidade técnica, mas também o resto de mercado de trabalho que os jornalistas têm. Foi dito que as grandes empresas continuarão a contratar profissionais graduados, mas quantos porcento de profissionais elas empregam? E os famosos QIs? A indicação é um currículo poderoso no meio jornalístico, que agora pode ser institucionalizado.

Avançamos muitos passos na qualidade da informação com a difusão dos blogs, mas retrocedemos outros tantos com esta decisão do STF.

sábado, 13 de junho de 2009

Cupido da indignação

Saindo do jantar romântico do Dia dos Namorados, no restaurante Café com Arte, em Campos, me deparei com o cúmulo da folga, da falta de educação e noção e do desmando. Como chovia muito e o nosso carro estava na esquina, precisávamos ir andadando até lá, já que, por falta de estrutura, a rua do restaurante estava alagada e de nada adiantaria o carro parar em frente. Mas para a minha surpresa, dois carros ocupavam a calçada, pois estavam estacionados com as traseiras nela.

As opções eram: colocar os pés na água e andar pela rua ou passar entre as traseiras dos carros e galhos de ávores molhados. Por motivos óbvios, nos imprensamos no meio do mato molhado. Infelizmente não foi possível registrar em foto e nem anotar a placa dos carros. Infelizmente também não retornei ao restaurante para perguntar se algum dos ilustres clientes era dono dos carros. Ou ainda fazer a mesma pergunta aos ilustres do restaurante japonês que fica ao lado.

A revolta foi grande. Mas aprendi. De hoje em diante anoto a placa e, no mínimo, divulgo aqui no blog. Claro que tentarei chamar a polícia também, mas sabemos como as coisas (não) funcionam...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Após 30 anos de sujeira...

Será inaugurado amanhã (05/06), Dia Mundial do Meio Ambiente, a unidade de tratamento de esgoto da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, 30 anos após a criação do bairro.

Em 1979, ainda com 28.528 habitantes, a Barra começou a luta sem sucesso pelo tratamento do esgoto da região. Hoje com 115 mil habitantes, a estação será posta em atividade e reduzirá os poluentes do emissário, que, desde abril de 2007, já retirou das lagoas de Jacarepaguá, Tijuca, Camorim e Marapendi mais de 70 bilhões de litros de esgoto doméstico, lançado a cinco quilômetros da costa.

Segundo matéria do O Globo On Line, "a estação de esgoto da Barra será inaugurada com até 1.200 litros de esgoto por segundo passando por seus dutos e canais de tratamento - o equivalente a pouco menos que a metade da capacidade da unidade e a todo o esgoto já coletado pela rede. O presidente da Cedae, Wagner Victer, espera ampliar os troncos coletores para alcançar a marca de 2.500 litros por segundo de efluentes tratados até 2011. Segundo a Cedae, este valor representaria cerca de 90% do total do esgoto produzido na região".

O crescimento da população formal da região está previsto pela Cedae, já que tanto o emissário quanto a estação podem ser dobradas. Já foram gastos cerca R$ 434 milhões no saneamento da Barra e cerca de R$ 120 milhões ainda serão investidos.

domingo, 31 de maio de 2009

Onde está Patrícia?



Segundo matéria publicada no jornal O Dia, membros da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) estão dispostos a auxiliar a Polícia Civil do Rio nas investigações do caso da engenheira Patrícia Amieiro Franco, desaparecida na madrugada de dia 14 de junho de 2008, com 24 anos.


Conforme afirma o vice-presidente da APFC, Hélio Buckmuller, ao jornal: "Não podemos atuar diretamente na investigação, pois está na esfera estadual, e somos peritos da Polícia Federal. Mas o Ministério Público pode requisitar a perícia ao Instituto Nacional de Criminalística (órgão de perícia da PF)".

Buckmuller diz que as informações sobre o caso indicam interferência no trabalho da perícia: laudos conflitantes e inconclusos e remoção de técnicos que atuaram no caso.

O promotor Homero Freitas afirma não ter certeza da necessidade da ajuda da PF mesmo com a falta de conclusões, pois considera o delegado do caso competente e comprometido com a verdade.

O perito federal Hélio Buckmuller opina que a falta de autonomia [interferência no trabalho da perícia] pode ter favorecido uma coação.

Em 2008, o pai de Patrícia, Antônio Celso Franco, foi a Brasília pedir ajuda ao gabinete da Presidência da República para que a PF entrasse no caso.

Relembre o caso.

No dia 07 de junho, familiares e amigos de Patrícia farão uma manifestação na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em busca da verdade sobre o caso.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Opinião pública

O assunto não acabou de sair do forno, mas vale a reflexão.

Do deputado Sergio Moraes, avisando como se comportaria na relatoria do caso do deputado Edmar Moreira ("o rei do castelo"):

- Estou me lixando para a opinião pública. Até porque a opinião pública não acredita no que vocês [imprensa] escrevem. Nós nos reelegemos mesmo assim.

E continuou dizendo que os meios de comunicação só publicam uma parte:

- Só para enrabar a gente.

Quanta polidez.

As questões são...

1- Se ele não se importa com a opinião pública, por que se candidatou?

2- Jornalistas formam opiniões?

terça-feira, 12 de maio de 2009

Rotina no trânsito


Você conhece alguém que já teve o retrovisor atingido por uma moto? Bem... Essa semana eu tive essa experiência na Linha Amarela, sentido Centro. E isso aconteceu por simples imprudência do motoqueiro, que, asim como todos os outros, andava entre os carros como se houvesse ali uma pista exclusiva.

Resultado? Chateação. O motoqueiro foi embora e o prejuízo ficou.

sábado, 2 de maio de 2009

Olimpíadas Rio 2016

O Comitê Olímpico Internacional visitou o Rio de Janeiro, cidade candidata aos Jogos de 2016. Na quinta-feira, a cidade estava bastante policiada: Linhas Vermelha e Amarela, Centro da Cidade...

De acordo com o Comitê Rio 2016, "uma cidade segura para os moradores e a Família Olímpica, a garantia de execução dos Jogos Olímpicos com rigor e excelência técnica, um legado para a transformação da cidade e do país. Estes são os pontos que norteiam o projeto de segurança da candidatura".

O Secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balesteri, afirmou que a apresentação para a Comissão do COI foi muito positiva. "No Rio de Janeiro existe completa integração dos três níveis de governo na área de segurança. Apresentamos o conceito de ‘polícia de proximidade’, que antes da repressão, traz intervenção social e interação com os jovens. Estamos investindo na formação de uma nova geração de policiais", disse. Balesteri citou o sucesso da segurança do Pan como ponto positivo.

Para o prefeito Eduardo Paes, a cidade passou no teste. “Todos os temas foram muito bem desenvolvidos. Na sabatina de segurança, mostramos o trabalho realizado durante os Jogos Pan-americanos Rio 2016. Durante os sete dias da visita da Comissão de Avaliação, o Rio de Janeiro mostrou profissionalismo e condições de realizar os Jogos Olímpicos”, disse Paes.

O Governador Sérgio Cabral também estava otimista. “Fomos bem nas apresentações e demos uma demonstração muito forte de integração dos três governos. Tenho certeza de que temos grandes chances nesta disputa. Chegou a nossa hora e estamos prontos para isso”, finalizou Cabral.

Prontos para uma maquiagem nova?

Transitando pela rua...

... engarrafei na avenida II.



Assim tem ficado a Linha Vermelha por volta das 10h30.

Na semana que passou, dos quatro dias úteis, em três demorei entre 2h30 e 3h40 para chegar em casa. A saída da Ilha do Fundão, por volta das 17h, tem estado insuportável.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Gripe suína

No Brasil, já são 7 casos suspeitos e 42 pessoas monitoradas. Temporão, ministro da saúde, diz que a chegada do vírus é inevitável, mas que não há motivo para pânico. A situação é , de fato, preocupante e, por isso, resolvi postar aqui algumas informações que descobri esta semana no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão.

* carne de porco bem cozida, assada ou frita não apresenta risco de contaminação;

* o aperto de mão em áreas contaminadas é arriscado não pelo contato de pele, mas sim por que um doente pode ter levado as mãos à boca ou nariz e apertado a mão de outra pessoa, que fará o mesmo e se contaminará;

* máscaras cirúrgicas, de pano não apresentam benefício algum. A ideal é a do tipo N95, usada, por exemplo, por pintores. Ela é rígida e filtra bem o ar;

* o doente pode transmitir o vírus de 2 dias antes do aparecimento dos sintomas até quatro dias depois. Por isso há necessidade de isolamento;

* os casos de óbito são os que evoluíram para cefalite (acometimento do sistema nervoso central) e, na maioria dos casos, pneumonia;

* a vacina de gripe para maiores de 60 anos ou pacientes com doenças de base (hipertensão e diabetes) ajuda a não causar confusão na hora do diagnóstico desse grupo de paceintes. Então, tomem a vacina;

* evite viajar para os locais com casos confirmados. Caso não seja possível, use máscara, procure um médico para avaliar a possibilidade de você já levar o medicamento indicado no tratamento e use álcool 70% antes de comer e ao levar as mãos aos olhos, nariz e boca. Não é permitido levar frascos de álcool em vôos, mas existe álcool 70% em forma de sachê;

* o medicamento usado no tratamento se chama oseltamivir, que também trata gripe comum e está sendo usado nos casos suspeitos. A gripe suína tem cura, basta que ao menor sintoma um médico seja procurado.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Barraco na Corte



Crise institucional? Lavagem de roupa suja? Mentira? Verdade?

A mídia muito fala de Gilmar e pouco de Barbosa, que foi manchete como primeiro ministro negro do STF (mas... segundo o portal Wikipédia, ele é, na verdade, o terceiro, precedido por Hermenegildo de Barros -de 1919 a 1937- e Pedro Lessa -de 1907 a 1921) A questão é: TODOS os ministros se manifestaram a favor do presidente do Supremo. Seriam os capangas da Corte?

Para você que não acompanhou o bate-boca, clique aqui.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Momento acadêmico

Trago hoje uma reflexão do braço sociológico-urbano do Cityando. O texto do antropólogo Roberto daMatta aqui reproduzido me foi enviado por uma colega da pós-graduação e reflete sobre a questão do 'muro', assunto já comentado por aqui.

O problema do muro no Brasil

Roberto DaMatta

"As casas americanas não têm muro. É um índice psicológico. A vida de comunidade não compete com a vida de intimidade. É uma continuação, se não for, ao contrário, uma fonte".
Alceu Amoroso Lima, "A Realidade Americana" (1955)

Aqueles primeiros brasileiros que visitaram os Estados Unidos — gente do porte e Monteiro Lobato, Anísio Teixeira, Érico Veríssimo e de Vianna Moog — deram-me régua e compasso para “ler” o Brasil. Porque, num sentido implícito, como desvendaram os antropólogos na figura pioneira de um Gilberto Freyre (que por lá andou, tornando-se mais brasileiro), ao descobrir a América, redescobriam o Brasil numa complexa dialética e presenças e ausências. Só os idiotas viajam para dizer que foram, comeram, compraram e viram e não aprenderam coisa alguma!

A observação que abre essa crônica alinhavou toda uma interpretação da vida social brasileira que expressei num conjunto de trabalhos lidos, usados, criticados, recalcados e ignorados.

Entre nós, a casa murada, com estátuas de leões nos seus limiares e cachorros ferozes nos seus quintais, defendia-se da rua. Nos Estados Unidos, prossegue Alceu Amoroso Lima: "A vida em comunidade precede à vida de intimidade. O geral, nesse terreno, antecipa-se ao particular. O público ao privado. Não há homem público (...) que não tenha a sua altura, os seus ordenados ou rendimentos e até mesmo a sua dieta posta em pratos limpos. Não há barreiras entre a sala de visitas, a sala de jantar e até mesmo os quartos. Tudo é público." E, um pouco mais adiante, com profundidade característica e sem os labirintos retóricos, típicos dos presunçosos que infestam o nosso mundo público, arremata: "A comunidade mata a intimidade naquilo que tem, por vezes, de mais precioso. As linhas suprimem as entrelinhas. A vida superficial se desenvolve em detrimento da vida profunda" (pág. 41 da obra mencionada).

Ou seja, na América não há - como tenho reiterado no meu trabalho - contraste ou paradoxo entre as
normas da casa e da rua. Para bem e mal, ambas - intimidade e vida pública - são expressões de um mesmo e único conjunto de leis escritas no papelório jurídico e - como dizia Rousseau - nos corações.

Quando visitei os Estados Unidos, em 1963, tive o mesmo choque. Não havia muros. A igualdade como valor (e como causa perdida a ser incessantemente perseguida e implementada) suprime muros e conduz a uma terrível transparência. Um dos preços da tal democracia boa de falar, complicada de fazer e duríssima de praticar, é derrubar muros. Mas eis que, neste Brasil democrático, estamos pensando em construí-los em volta de favelas como um modo "ecológico" de proteger a Natureza!

A Grande Muralha do Rio de Janeiro - terra do carnaval, da praia e da mistura aberta -, prestes a ser edificada, não terá nada a ver com ausência de coragem política para zonear a cidade, com o uso dos instrumentos apropriados - fiscalização, policiamento, aplicação da lei, distinção plena e clara do legal e do ilegal -, mas será parte da "questão ecológica". No passado, quando éramos mais honestos e cada qual sabia o seu lugar, os escravos viviam enclausurados em senzalas; hoje, usamos o ideário da correção política e falamos em proteção ambiental para segregar os mais agressivamente desiguais.

Construindo um "muro ecológico" mudamos, como convém, os termos do problema. Não se trata mais de conviver com uma avassaladora pobreza historicamente engendrada por um sistema que odeia a igualdade na prática, para incensá-la no altar do politicamente correto. Não! Trata-se, isso sim, de proteger a Natureza. A proteção da Natureza racionaliza a solução definitiva inapelável (e portanto ditatorial) para a pobreza em massa que envergonha (e ameaça) os que residem ao seu redor. Quando descobrirmos mais invasões, a culpa terá sido do muro, não nossa.

De minha parte, eu - um conservador de carteirinha e já em várias listas de paredão - continuo achando incrível que se continue a pensar que um muro (e não um programa pra valer de educação primária, secundária e de igualdade em geral) vai estancar a desigualdade; tal como no período escravista pensávamos que a Lei do Ventre Livre ia, um belo dia, liquidar espontaneamente a escravidão.

Um muro para deter o avanço da iniquidade social que nós não conseguimos sequer equacionar, não vai deter coisa alguma. Antes de realizar tal monumento ao nosso gosto pela sacralização da desigualdade em escala estupidamente grandiosa, vale a pena pensar numa coisa óbvia. Todo muro tem dois lados. Se do lado de cá, ele impede o avanço do nosso descaso para com os pobres; do lado de lá, ele vai servir de trincheira, casamata e torre para os que se aproveitam da pobreza "criminosamente" e não apenas pelo voto. Com o muro, concretiza-se o que o Zuenir Ventura diagnosticou como uma cidade partida que, murada, será irremediavelmente repartida.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Leitura obrigatória

O Cityando indica a leitura urgente do post Adriano e a favela, no blog do Ancelmo Gois.

O motivo do destaque para este post é o show de horrores apresentado nos comentários: Clique aqui e confira.

domingo, 12 de abril de 2009

Click Cityando

O click desta vez vai para o mau exemplo da PM. Em frente ao DPO de Barcelos (8º BPM - 5ª CIA - 6º CPA), distrito de São João da Barra, no Norte Fluminense, dois veículos - um carro de passeio e uma viatura - estão estacionados em cima da calçada.



Eu estava registrando o Corsa branco (placa GTI 5189 - Campos dos Goytacazes), quando, para minha surpresa, a viatura estacionou também.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Favela e Mata Atlântica

O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, começou seu artigo "As nossas muralhas", publicado no início da semana no jornal O Dia, afirmando: "Precisamos proteger o que resta de Mata Atlântica nos nossos morros". De início, a frase me causou indignação. Mas prossegui com a leitura.

Damous explicou que, para isso, vão cercar as favelas com paredões de três metros de altura e 11 quilômetros de extensão para que nenhuma construção irregular seja erguida fora dos limites. Ele prossegue afirmando que o muro, na verdade, aumentará a sensação de segurança dos que vivem no asfalto. O que é verdade.

O dado que me chamou atenção foi: de acordo com um estudo do Instituto Pereira Passos, órgão da prefeitura, em 69,7% das áreas ocupadas acima dos 100 metros de altitude nas encostas cariocas, as casas construídas são das classs média e alta.

O muro protege quem? De que? Para onde?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Carteirada no bafômetro

A motorista Sueli Werneck foi parada numa blitz da Operação Lei Secana Estrada do Cafubá, em Niterói, na madrugada do último domingo. A condutora estava sem CNH e, ao se recusar a fazer o teste do bafômetro, seria encaminhada à delegacia. No entanto, de acordo com o o subsecretário estadual de Governo e coordenador da Operação Lei Seca, Carlos Alberto Lopes, sua cunhada, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) do Rio Renata Cotta foi liberada pelos policiais militares.

A desembargadora disse que ligou para o comandante do 12º BPM (Niterói) para saber os nomes dos dois PMs do batalhão que estavam na blitz para "caso precise de testemunhas que comprovem o que realmente aconteceu". Segundo Renata, ela estava ali como cunhada e não como desembargadora.

O presidente do TJ, Luiz Zveiter, afirmou que está investigando a conduta da desembargadora.

O que dessa história é possível?

domingo, 29 de março de 2009

Sensação de segurança

Conforme matéria publicada nO Dia (A retomada do espaço público nas favelas, uma pesquisa do Instituto Informa, produzida para o jornal, mostra que no Dona Marta e na Cidade de Deus mais de 40% da população consideram que a segurança pública melhorou após a ocupação da polícia. Já nos morros do Salgueiro, na Tijuca, e Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, dominados pelo tráfico, a proporção de pessoas que se sentem mais seguras é de apenas 8% e 24%, na ordem.

O levantamento foi realizado em quatro comunidades e seus bairros correspondentes — dois deles com policiamento comunitário (Botafogo e Jacarepaguá). Foram ouvidas 1.031 pessoas entre 20 e 22 deste mês.

Caso Tijuca

A matéria relata ainda que, na Tijuca, a insatisfação com a polícia é grande. Mais de 45% dos entrevistados do Morro do Salgueiro consideram péssima a atuação da PM. Uma moradora do bairro opina que número de assaltos é alto e que o patrulhamento é ineficaz. E sugere: “Por que não fazem ocupação aqui? Seria uma boa medida para conter a violência. Todos os prédios colocaram cercas para evitar os assaltos”, reclama.

A opinião dessa moradora é senso comum entre os que residem em áreas divididas entre o morro e o asfalto: o morro como fonte do problema da violência. A ocupação do Dona Marta e da Cidade de Deus trouxe sensação de segurança aos moradores do bairro formal por causa do policiamento e aos moradores das favelas porque, junto com o policiamento, o Estado ocupou seu espaço nas comunidades com obras de urbanização.

A favela não é fonte de violência por ser simplesmente favela.

terça-feira, 24 de março de 2009

Sitiada

Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, sobre as ações violentas do tráfico na capital: “É quem consome que paga isso. E na Zona Sul se paga pela droga. E se paga bem por ela. Se a maioria dos cidadãos paga imposto, quer ordem e respeita a autoridade do estado, por que um grupo de 15 ou 20 pessoas vai aterrorizar 150 mil? Não é factível que essas pessoas causem pânico num mar de pessoas. É inaceitável”.

Só isso sustenta o sistema?

E por falar em liberdade de expressão...

O programa "Comitê de Imprensa" foi exibido pela TV Câmara neste mês de março. O tema do dia era a reportagem da revista Veja, com as supostas revelações contidas no notebook apreendido pela Polícia Federal na casa do delegado Protógenes Queiroz, referentes à Operação Satiagraha. Entre os assuntos aboradados esteve o grampo telefônico envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás.

O vídeo foi disponibilizado pelo site da TV Câmara, mas dias depois, sob ordem de Gilmar Mendes, foi retirado do ar.

Leia a carta de Leandro Fortes, jornalista da Carta Capital, enviada ao Blog Conversa Afiada e veja a entrevista completa no blog do jornalista Paulo Henrique Amorim.

Confira um dos trechos no youtube.

sábado, 21 de março de 2009

Expressão e punição na PM do Rio

Quatro dias após prestar solidariedade ao coronel Ronaldo de Menezes, punido disciplinarmente por ter publicado na internet um artigo sobre a situação da segurança pública no Rio, o capitão da PM Luiz Alexandre da Costa foi avisado que seria transferido da unidade onde é subcomandante. No entanto, três horas depois do anúncio, a transferência foi suspensa, conforme publicado por Jorge Antônio Barros, em 18/03, no Globo On Line. A nova ordem é para que o capitão tire férias o mais rápido possível.

Ao ser libertado do 4º Comando de Policiamento de Área, em Niterói, o coronel se encontrou com um grupo de manifestantes e o capitão. A situação foi filmada por agentes do Serviço Reservado da PM, o que inibiu a presença de mais oficiais no ato público.

O capitão, que tem 12 anos de PM, já havia sido transferido da Auditoria Militar há um ano, depois que fez declarações à imprensa sobre a crise na PM, que resultou na exoneração do coronel Ubiratan Angelo, do comando-geral.

O coronel da PM Ronaldo de Menezes foi punido com prisão de 4 dias por ter expressado opinião em blog de outro oficial. Em seu artigo, o coronel analisou a situação precária da segurança pública no Estado do Rio, onde é policial há 35 anos. Ele afirmou ainda que espera saber a opinião das autoridades da área de segurança e do governador Sérgio Cabral sobre sua prisão.

segunda-feira, 16 de março de 2009

"Firmeza na verdade"

A enquete sobre o comportamento da mídia em relação ao delegado federal Protógenes Queiroz está encerrada. A maioria dos votantes acha que a imprensa vem cumprindo seu papel corretamente, com imparcialidade. Agora que a pesquisa acabou, darei minha opinião.

Discordo do resultado. Lendo somente hoje a entrevista do delegado à revista Caros Amigos vejo que talvez não estejamos preparados para ouvir certas coisas. O absurdo é tão grande que parece até mania de perseguição. Acho que nem tudo que lemos é a verdade inteira e nem tudo que vemos aconteceu daquela forma. Acho lamentável uma mídia vendida a um banqueiro e alguém com ideal de CIDADANIA ser tido como louco, insensato e, recentemente, criminoso.

Satiagraha foi o termo usado pelo pacifista indiano Mahatma Gandhi durante sua campanha pela independência da Índia e significa 'firmeza na verdade'. Gandhi foi um dos idealizadores e fundadores do Estado moderno indiano e defensor do Satiagraha como um meio de revolução: princípio da não-agressão, da forma não-violenta de protesto.

Fica aqui o meu pequeno protesto e a esperança de vê-los todos - os envolvidos - na cadeia. E fica também o sonho de modificarmos nossa cultura política para não eleger, num futuro distante ainda, corruptos. Que sejamos firmes na verdade.

Agora quero a opinião de vocês. Está aberto o espaço de discussão.

quinta-feira, 12 de março de 2009

De onde vem a violência

Sempre tive certeza de que a violência era 80% social e 20% comportamental. Vendo Law & Order SVU (sim, eu vejo a série) parei para pensar em outra alternativa: Há quem defenda a existência de um gene da violência, que não é determinante, mas influencia. Sendo assim, alguém portador do gene pode ser violento. A série mostrou um que era e um que não era. E então... A violência seria 100% comportamental, com influência do social? Ou seria 100% social com determinação do comportamento?

quarta-feira, 11 de março de 2009

Você fica ocupado?

Dia desses estive pensando: Seu celular dá ocupado? O meu não. Parece que agora nem podemos mais estar com outra pessoa ao telefone. Temos que parecer sempre disponíveis, atentos e prontos. Conseqüência da modernidade?

sábado, 7 de março de 2009

Vale lembrar...

... que essas informações foram tiradas do mesmo veículo de comunicação que elegeu e destituiu Collor do poder.

Política?

O senador Fernando Collor (PTB-AL) é o presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado. O fato teria gerado mal-estar entre o PT e o PMDB na Casa. Será?? O líder do PT, Aloizio Mercadante chamou o acordo que levou ao fato de "aliança espúria".

Renan Calhieros designou para a comissão os senadores Wellington Salgado (MG), Gilvam Borges (SE) e Almeida Lima (SE), já que Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO) lhe comunicaram a intenção de votar na candidata do PT, Ideli Salvatti (PT-SC). Essa, por sua vez, apoiou a candidatura de Tião Viana (PT-AC) para a presidência da Casa. Mas quem levou a melhor nessa foi José Sarney.

Por essa comissão passarão todos os projetos relacionados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Collor se defende: "Foi um acordo inteiramente aberto que todo mundo participou, todo mundo soube. O senador Aloizio Mercadante precisa medir um pouco suas palavras para respeitar seus companheiros aqui do Senado". E mais: afirmou que sua eleição veio dos acertos para eleger Sarney à presidência da Casa.

Os cargos no Legislativo, por tradição, são divididos entre os partidos de acordo com o tamanho das bancadas. Por esse comportamento lógica, o PT teria direito a exploração do petróleo localizado na camada pré-sal.

Há 20 anos...

COLLOR era candidato à Presidência pelo PRN, com a marca do "caçador de marajás". Atacava o então presidente, José Sarney, acusando seu governo de corrupto, chamando-o, inclusive, de "batedor de carteira".

SARNEY: Era o presidente da República e alvo dos discursos eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva, adversário de Collor. Hoje presidente do Senado, é um dos mais fiéis apoiadores de Lula e cumpriu a promessa, feita na negociação para a eleição no Senado, de dar a Collor o comando de uma comissão.

LULA: Concorria pela primeira vez à Presidência da República com um discurso radical. O PT de Lula não fazia alianças políticas com partidos de centro. Hoje, o PMDB é o maior partido da base parlamentar do governo Lula, além do PTB, partido de Collor.

MERCADANTE: Era um dos coordenadores do programa de governo de Lula e não tinha cargo parlamentar. Foi eleito deputado federal em 1990 e um dos mais ativos integrantes da CPI do caso PC Farias (tesoureiro de campanha de Collor. No entanto, após o impeachment do presidente, considerou que Collor pagou "um preço muito alto".

O fantasma está de volta vestindo outra roupa.

domingo, 1 de março de 2009

Como diriam los hermanos...



Todo carnaval tem seu fim. Mas ficam a lembrança do sorriso, a magia dos mascarados e o som do tamborim.

Doce sabor


... da Zona Norte!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A pergunta é...



... se a entrada não é permitida porque é área de proteção ambiental, como pode ser do condomínio???

A placa está na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Transitando pela rua...

... me encontrei na avenida.



O carnaval está por toda parte. Ele está nas casas, nas ruas, nos olhares, nos sorrisos. Nas fantasias, nas cores, no espírito.

Não me leve a mal... hoje é carnaval!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Som de tiro

Operações no Engenho da Rainha e no Morro da Fazendinha fizeram ecoar o som da violência no enterro da jovem Julyana, em Inhaúma, morta no fim de semana por uma bala perdida na quadra da Imperatriz. Mais três mortos na Vila Vintém. Mais uma cabine da PM metralhada. Mais um João Hélio. Mais uma Alana. Mais um João Roberto.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fome de quê?

Governos de diversos países anunciaram pacotes de estímulo econômico e planos de resgate financeiro numa tentativa de conter os efeitos da turbulência mundial. A conta global do socorro (principalmente aos bancos) desde o agravamento da crise financeira internacional, em setembro de 2008, já chega a US$ 15,1 trilhões.

No Brasil, as medidas já atingiram ao menos R$ 500 bilhões (US$ 220 bilhões).

sábado, 14 de fevereiro de 2009

E por falar em palhaçada...

O Supremo Tribunal Federal determinou a liberdade a cinco presos condenados por crimes graves com base em uma decisão da semana passada na qual os ministros sacramentaram o direito de liberdade de um réu até que o caso tramite em julgado, isto é, até que não haja mais possibilidade de apresentar recurso judicial à pena.

Foram beneficiados um homem condenado a quatro anos de prisão por tentativa de estupro, um estelionatário condenado a quatro anos e meio, um ladrão que cumpria pena de sete anos e meio por roubo qualificado e dois réus sentenciados por apropriação de bens e rendas públicas.

Assim como na semana passada, Ellen Gracie e Joaquim Barbosa discordaram da tese, por entender que o réu não merece recorrer em liberdade em alguns casos de crimes graves. Segundo Barbosa a decisão reforça a idéia de que no Brasil há "um sistema penal de faz de conta".

Circo na Zona Sul do Rio

Do pai de um jovem de classe média preso, esta semana, no Rio de Janeiro, por tráfico: 'Ele fumava (maconha) em casa e eu permitia'. E mais: disse que a operação para prender seu filho foi um "circo montado pela PF".

Henrique Dornelles Forni, de 25 anos, foi preso sob a acusação de vender fuzis a bandidos de favelas e traficar drogas.

Se o circo é da PF, quem é o palhaço?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Quem vê cara não vê coração


A aparência é bela, mas o cheiro é muito ruim. Esse é o Canal do Cunha, visto do Hospital do Fundão. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participou no dia 10/2, no Rio, do lançamento do programa de despoluição do Canal. Está previsto o desassoreamento de um trecho de 6,5 km de extensão até 2011 e o saneamento das favelas da região. O custo do projeto é de R$ 185 milhões, que serão desembolsados pela Petrobras.

No entanto, um corte de R$ 35 milhões no orçamento do Ministério do Meio Ambiente para o primeiro trimestre deste ano adiou projetos como a criação de parques marinhos e a instalação das primeiras 11 coordenadorias regionais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Beco da intranquilidade

Na manhã deste domingo Raíssa de Moraes, 5 anos, foi executada com tiro no peito ao presenciar o assassinato do pai, Damião de Moraes, no Beco da Tranquilide, em Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro. Todos somos vítimas. A cidade formal e a cidade renegada. E mais isso nos faz igualmente submissos e passivos, mas diferenciadamente culpados.

http://www.youtube.com/watch?v=Lb90MRDknmo

Foi isso que ele disse... e olhem como estamos.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Já é carnaval

Faltando quinze dias para a Festa de Momo, o Cityando mostra a letra dos coleguinhas do "Imprensa Que Eu Gamo" para o carnaval de 2009!!


No Carnaval do Imprensa, quem dá ordem é o Rei Momo


(Barack Obama, Osama Bin Laden, Elton John, Madonna, Jesus, Cícero do Capela e mendigos da Cinelândia)


O Imprensa vem lançar a utopia
Manchetes para este Carnaval
Que bom se não fosse fantasia
Rei Momo editor do meu jornal

Obama toma um porre com Osama
E seu Fidel saiu chamando o Raul
Nós vamos mandar "paz" pra Bagdá
A Zona Norte abraçou a Zona Sul

Que papo é esse? Cada um no seu quadrado?
No Mercadinho, "tamu junto e misturado"
Que maravilha, pode aplaudir
Ô abre alas, nosso bloco vem aí


A chuva cai, mas não inunda
Nada de crise, cerveja abunda
Até o Lula é meu leitor
Não tem mais choque e meu Rio é só amor

Imprensa que eu Gamo, e como!
Em Laranjeiras quem dá ordem é o Rei Momo
Sarney de novo, mas que mancada
Lá em Brasília tá faltando sapatada

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Transitando


Transitando pela rua, engarrafei na avenida.

Ataca, Obama!

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama – e novo queridinho planetário – lançou esta semana uma campanha contra os excessos salariais no setor privado. O teto passa a ser agora de US$ 500 mil anuais para os pagamentos feitos a executivos de empresas que recebam algum tipo de ajuda federal. Obama criticou os executivos de Wall Street que aceitaram bônus bilionários em 2008, enquanto a economia mundial ia pelo ralo.

¿Hasta la revolución?

Do reinado para a corregedoria da Câmara

O novo corregedor da Câmara, deputado Edmar Moreira (DEM-MG) é proprietário de um castelo que ocupa 192 hectares, no distrito de Carlos Alves, em São João do Nepomuceno, na Zona da Mata mineira. O casebre está avaliado entre R$ 20 e R$ 25 milhões.

E ainda: o deputado é conhecido com “capitão” na localidade. Ele se aposentou como capitão da Polícia Militar. Para quem não o conhece, aí está (a foto é do site do DEM). O partido pede a renúncia... O deputado diz que o castelo está em nome dos filhos.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Propaganda





Estão abertas as incrições para o curso de especialização em Sociologia Urbana da UERJ. Informações: 2587-7617

Homicídios no Rio

A cidade do Rio de Janeiro foi a região do estado que registrou "o menor aumento" (2,17%) no número de homicídios em outubro de 2008, em comparação com o mesmo mês de 2007. Os dados são do Instituto de Segurança Pública (ISP).

Entre janeiro e outubro de 2008 foram 1.699 assassinatos, contra 1.938 de 2007. A queda foi de 12,33%, mas... Na Baixada Fluminense o número de homicídios aumentou 31,38% e na Grande Niterói, 22,8%.

O problema não está na geografia, mas nas políticas de combate à violência. E 'registrar menor aumento', expressão usada nos jornais, ainda significa mais gente morrendo. E corpo no IML não é troféu.

A qualidade de vida não anda aqui...


Esse foi o momento em que o metrô, sem ar condicionado às 8h30, na Linha 1 perto da Cinelândia, esvaziou.

Enquanto isso no andar de cima...

O Cine Odeon se preparava para a estréia de 'Valquíria', com a presença de Tom Cruise.

Aconteceu em Campos...

Um certo cidadão teve problemas com o aparelho de TV e processou a loja. O juiz Claudio Ferreira Rodrigues, do Segundo Juizado Especial Cível de Campos dos Goytacazes, definiu em sua sentença:

Na vida moderna, não há como negar que um aparelho televisor, presente na quase totalidade dos lares, é considerado bem essencial. Sem ele, como o autor poderia assistir as gostosas do Big Brother, ou o Jornal Nacional, ou um jogo do Americano x Macaé, ou principalmente jogo do Flamengo, do qual o autor se declarou torcedor? Se o autor fosse torcedor do Fluminense ou do Vasco, não haveria a necessidade de haver televisor, já que para sofrer não se precisa de televisão.

Dizem por aí que a cidade precisa de um estudo antropológico...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Um pouco de mim



Há seis anos percebi que a cidade pra mim não era só trânsito, gente, favela e praia. Vi em cada rua a tradução de cada homem. Em cada gente a explicação de cada bairro. Em cada pensamento a montagem da cidade.

Perguntem o nome deles

Esse texto foi escrito em 28/06/2007


Muitos tiros das 10h às 16h30, horário em que estive no trabalho. Eram 1350 policiais, quilos de munição disparadas sem rumo que acharam 27 pessoas, entre 9 feridos e 19 mortos. Ouvindo pela janela e acompanhando pela internet, chegaram as primeiras fotos do confronto. Em uma delas uma criança de não mais quatro anos de idade, no colo de sua mãe, observava o fuzil apontado para dentro da favela por um policial. E uma colega de trabalho comentou: “e essa criança? Quando crescer vai ser um empresário?” .


Me lembrei então de uma vez que estive na comunidade incursionada nesta quarta-feira (27) e vi um outro menino da mesma idade brincando com um tipo de arma de madeira que alguém havia construído para ele. Realmente são grandes as chances de um futuro empresarial não os esperar. Mas também é perfeitamente possível que de uma família de trabalhadores nasçam filhos trabalhadores. Mas esse é outro assunto.


Já perto de casa e bem longe do confronto passei por um local, na zona sul da cidade, onde um garoto de 13 anos tinha sido vítima de bala perdida em frente à comunidade em que morava. Depois descobriu-se que ele, apesar da pouca idade, já era traficante. Pensei naquele momento o quanto eu era feliz por, mesmo tendo escutado a guerra durante o expediente, poder voltar para casa e me sentir a salvo.


No jornal da noite vi o balanço do confronto, com um número de bandidos mortos que, mesmo ao lado, não imaginava. Ao amanhecer saí bem cedinho de casa e encontrei na rua dois meninos, que aparentavam seus13 anos, pedindo um café. Já os conhecia de outras manhãs e sempre me prometia comigo mesma que no dia seguinte daria o tal café a eles, mas nunca parava ora por falta de tempo, ora por falta de dinheiro.


Mas hoje pensei: não posso reclamar de dinheiro e se eu chegar alguns minutos atrasada não fará diferença para mim, mas será um café para ele. Quando passei um deles me disse: “Moça, me dá um café”, e eu fiz que não com a cabeça. Em seguida ele continuou: “Ou então paga o café para mim”. Aquilo soou para mim como quem diz “realmente estou com fome”.


Voltei dois passos e chamei-o dizendo que pagaria o café e ele agradeceu. Olhei mais adiante e outro também me olhava. Fiz um sinal com a mão dizendo para ele vir também. Entrei com os dois na padaria e todos nos olhavam, já sabendo que eu pagaria para eles. Pedi dois cafés-com-leite e dois pães, um para cada um. Devia ser pouco, mas era o que eu também podia dar naquele momento.


Enquanto eu pagava o segundo menino me olhou bem nos olhos e disse “obrigado, moça”. Confesso que me senti um pouco intimidada com aquele olhar. Talvez por nunca ter estado tão perto fisicamente de uma criança de rua. Talvez por nunca ter olhado uma nos olhos. E talvez ainda por alimentar o medo desses jovens. E percebi que ao me olhar nos olhos ele esperava o mesmo de mim, mas acho que não correspondi.


Paguei a conta enquanto o pedido era preparado. Quando os pães com manteiga chegaram, eu me despedi dos meninos e eles agradeceram mais uma vez. Deixei-os comendo e segui para o ponto de ônibus. Fui pensando: “acho que os ajudei de alguma forma”. Me senti bem por isso, mas logo percebi que o que eu tinha feito era muito pouco para mim, para eles e para mudar qualquer situação.


E não parei de pensar nisso durante todo o caminho para o trabalho, como se tivesse faltado algo naquele encontro. Percebi que eu não me dei o trabalho de perguntar o nome deles. Quase chegando ao trabalho vi que a polícia ainda estava nas proximidades e não demorou muito para que um novo tiroteio começasse.


E mais um dia começava para todos. Os meninos pedindo o café, os moradores da comunidade no meio do fogo cruzado e eu de um lado para o outro do Rio alternando de realidade. A criança da foto era sem nome, a da arma de madeira também. Os bandidos mortos também ainda não tinham sido identificados. E mais os dois meninos do café que tinham nome, mas eu não tive a sensibilidade de perguntar.


Espero encontrá-los novamente, mirá-los nos olhos, saber de onde são e qual é nome deles. Sabe-se lá que diferença pode fazer esse tipo de atenção. Por tudo isso que contei e muito mais, é que sugiro: antes de ajudar alguém, pergunte o nome deles.

Olá!


Depois de alguns ensaios e poucas tentativas, começo hoje, dia 02 de fevereiro, dia de Iemanjá, a postar meus textos e algumas fotos nesse espaço. Aceito a colaboração dos leitores amigos e dos amigos leitores. Vamos cityar!