sexta-feira, 24 de abril de 2009

Barraco na Corte



Crise institucional? Lavagem de roupa suja? Mentira? Verdade?

A mídia muito fala de Gilmar e pouco de Barbosa, que foi manchete como primeiro ministro negro do STF (mas... segundo o portal Wikipédia, ele é, na verdade, o terceiro, precedido por Hermenegildo de Barros -de 1919 a 1937- e Pedro Lessa -de 1907 a 1921) A questão é: TODOS os ministros se manifestaram a favor do presidente do Supremo. Seriam os capangas da Corte?

Para você que não acompanhou o bate-boca, clique aqui.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Momento acadêmico

Trago hoje uma reflexão do braço sociológico-urbano do Cityando. O texto do antropólogo Roberto daMatta aqui reproduzido me foi enviado por uma colega da pós-graduação e reflete sobre a questão do 'muro', assunto já comentado por aqui.

O problema do muro no Brasil

Roberto DaMatta

"As casas americanas não têm muro. É um índice psicológico. A vida de comunidade não compete com a vida de intimidade. É uma continuação, se não for, ao contrário, uma fonte".
Alceu Amoroso Lima, "A Realidade Americana" (1955)

Aqueles primeiros brasileiros que visitaram os Estados Unidos — gente do porte e Monteiro Lobato, Anísio Teixeira, Érico Veríssimo e de Vianna Moog — deram-me régua e compasso para “ler” o Brasil. Porque, num sentido implícito, como desvendaram os antropólogos na figura pioneira de um Gilberto Freyre (que por lá andou, tornando-se mais brasileiro), ao descobrir a América, redescobriam o Brasil numa complexa dialética e presenças e ausências. Só os idiotas viajam para dizer que foram, comeram, compraram e viram e não aprenderam coisa alguma!

A observação que abre essa crônica alinhavou toda uma interpretação da vida social brasileira que expressei num conjunto de trabalhos lidos, usados, criticados, recalcados e ignorados.

Entre nós, a casa murada, com estátuas de leões nos seus limiares e cachorros ferozes nos seus quintais, defendia-se da rua. Nos Estados Unidos, prossegue Alceu Amoroso Lima: "A vida em comunidade precede à vida de intimidade. O geral, nesse terreno, antecipa-se ao particular. O público ao privado. Não há homem público (...) que não tenha a sua altura, os seus ordenados ou rendimentos e até mesmo a sua dieta posta em pratos limpos. Não há barreiras entre a sala de visitas, a sala de jantar e até mesmo os quartos. Tudo é público." E, um pouco mais adiante, com profundidade característica e sem os labirintos retóricos, típicos dos presunçosos que infestam o nosso mundo público, arremata: "A comunidade mata a intimidade naquilo que tem, por vezes, de mais precioso. As linhas suprimem as entrelinhas. A vida superficial se desenvolve em detrimento da vida profunda" (pág. 41 da obra mencionada).

Ou seja, na América não há - como tenho reiterado no meu trabalho - contraste ou paradoxo entre as
normas da casa e da rua. Para bem e mal, ambas - intimidade e vida pública - são expressões de um mesmo e único conjunto de leis escritas no papelório jurídico e - como dizia Rousseau - nos corações.

Quando visitei os Estados Unidos, em 1963, tive o mesmo choque. Não havia muros. A igualdade como valor (e como causa perdida a ser incessantemente perseguida e implementada) suprime muros e conduz a uma terrível transparência. Um dos preços da tal democracia boa de falar, complicada de fazer e duríssima de praticar, é derrubar muros. Mas eis que, neste Brasil democrático, estamos pensando em construí-los em volta de favelas como um modo "ecológico" de proteger a Natureza!

A Grande Muralha do Rio de Janeiro - terra do carnaval, da praia e da mistura aberta -, prestes a ser edificada, não terá nada a ver com ausência de coragem política para zonear a cidade, com o uso dos instrumentos apropriados - fiscalização, policiamento, aplicação da lei, distinção plena e clara do legal e do ilegal -, mas será parte da "questão ecológica". No passado, quando éramos mais honestos e cada qual sabia o seu lugar, os escravos viviam enclausurados em senzalas; hoje, usamos o ideário da correção política e falamos em proteção ambiental para segregar os mais agressivamente desiguais.

Construindo um "muro ecológico" mudamos, como convém, os termos do problema. Não se trata mais de conviver com uma avassaladora pobreza historicamente engendrada por um sistema que odeia a igualdade na prática, para incensá-la no altar do politicamente correto. Não! Trata-se, isso sim, de proteger a Natureza. A proteção da Natureza racionaliza a solução definitiva inapelável (e portanto ditatorial) para a pobreza em massa que envergonha (e ameaça) os que residem ao seu redor. Quando descobrirmos mais invasões, a culpa terá sido do muro, não nossa.

De minha parte, eu - um conservador de carteirinha e já em várias listas de paredão - continuo achando incrível que se continue a pensar que um muro (e não um programa pra valer de educação primária, secundária e de igualdade em geral) vai estancar a desigualdade; tal como no período escravista pensávamos que a Lei do Ventre Livre ia, um belo dia, liquidar espontaneamente a escravidão.

Um muro para deter o avanço da iniquidade social que nós não conseguimos sequer equacionar, não vai deter coisa alguma. Antes de realizar tal monumento ao nosso gosto pela sacralização da desigualdade em escala estupidamente grandiosa, vale a pena pensar numa coisa óbvia. Todo muro tem dois lados. Se do lado de cá, ele impede o avanço do nosso descaso para com os pobres; do lado de lá, ele vai servir de trincheira, casamata e torre para os que se aproveitam da pobreza "criminosamente" e não apenas pelo voto. Com o muro, concretiza-se o que o Zuenir Ventura diagnosticou como uma cidade partida que, murada, será irremediavelmente repartida.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Leitura obrigatória

O Cityando indica a leitura urgente do post Adriano e a favela, no blog do Ancelmo Gois.

O motivo do destaque para este post é o show de horrores apresentado nos comentários: Clique aqui e confira.

domingo, 12 de abril de 2009

Click Cityando

O click desta vez vai para o mau exemplo da PM. Em frente ao DPO de Barcelos (8º BPM - 5ª CIA - 6º CPA), distrito de São João da Barra, no Norte Fluminense, dois veículos - um carro de passeio e uma viatura - estão estacionados em cima da calçada.



Eu estava registrando o Corsa branco (placa GTI 5189 - Campos dos Goytacazes), quando, para minha surpresa, a viatura estacionou também.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Favela e Mata Atlântica

O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, começou seu artigo "As nossas muralhas", publicado no início da semana no jornal O Dia, afirmando: "Precisamos proteger o que resta de Mata Atlântica nos nossos morros". De início, a frase me causou indignação. Mas prossegui com a leitura.

Damous explicou que, para isso, vão cercar as favelas com paredões de três metros de altura e 11 quilômetros de extensão para que nenhuma construção irregular seja erguida fora dos limites. Ele prossegue afirmando que o muro, na verdade, aumentará a sensação de segurança dos que vivem no asfalto. O que é verdade.

O dado que me chamou atenção foi: de acordo com um estudo do Instituto Pereira Passos, órgão da prefeitura, em 69,7% das áreas ocupadas acima dos 100 metros de altitude nas encostas cariocas, as casas construídas são das classs média e alta.

O muro protege quem? De que? Para onde?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Carteirada no bafômetro

A motorista Sueli Werneck foi parada numa blitz da Operação Lei Secana Estrada do Cafubá, em Niterói, na madrugada do último domingo. A condutora estava sem CNH e, ao se recusar a fazer o teste do bafômetro, seria encaminhada à delegacia. No entanto, de acordo com o o subsecretário estadual de Governo e coordenador da Operação Lei Seca, Carlos Alberto Lopes, sua cunhada, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) do Rio Renata Cotta foi liberada pelos policiais militares.

A desembargadora disse que ligou para o comandante do 12º BPM (Niterói) para saber os nomes dos dois PMs do batalhão que estavam na blitz para "caso precise de testemunhas que comprovem o que realmente aconteceu". Segundo Renata, ela estava ali como cunhada e não como desembargadora.

O presidente do TJ, Luiz Zveiter, afirmou que está investigando a conduta da desembargadora.

O que dessa história é possível?