terça-feira, 7 de abril de 2009

Favela e Mata Atlântica

O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, começou seu artigo "As nossas muralhas", publicado no início da semana no jornal O Dia, afirmando: "Precisamos proteger o que resta de Mata Atlântica nos nossos morros". De início, a frase me causou indignação. Mas prossegui com a leitura.

Damous explicou que, para isso, vão cercar as favelas com paredões de três metros de altura e 11 quilômetros de extensão para que nenhuma construção irregular seja erguida fora dos limites. Ele prossegue afirmando que o muro, na verdade, aumentará a sensação de segurança dos que vivem no asfalto. O que é verdade.

O dado que me chamou atenção foi: de acordo com um estudo do Instituto Pereira Passos, órgão da prefeitura, em 69,7% das áreas ocupadas acima dos 100 metros de altitude nas encostas cariocas, as casas construídas são das classs média e alta.

O muro protege quem? De que? Para onde?

11 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Essa polêmica já aconteceu qdo o Conde queria fazer muros ao redor da Rocinha. Bom, eu concordo com os muros propostos agora. É preciso fazer algo pra conter a favelização do Rio. Claro que só o muro não basta, mas finalmente alguém pensou em fazer alguma coisa. O número de favelas cresce assustadoramente. E ninguém faz nada!

    E isso é um assunto pra mais polêmica. As favelas e as 'cidades do asfalto' crescem. O mundo cresce! E as pessoas continuam querendo ter filhos e filhos! Chega! Já tem gente demais nesse mundo! O mundo não aguenta! Ainda mais que a maioria é de mediocres! Taxa de natalidade já! E programas de estímulo à adoção já também!

    E vamos polemizar!

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  4. Infelizmente muro não contém crescimento de favela e nem criminalidade por uma questão muito simples: fiscalização e policiamento ineficientes continuarão sendo feitos pelas mesmas pessoas. O sonho de uma parcela da população está sendo realizado nesta gestão. Mas será que a solução seria a criação de "guetos de Varsóvia" em pleno século XXI? Em pleno Rio de Janeiro? Creio que não. A solução para a favela é a sua transformação/inclusão na cidade, ou no asfalto - como queiram. "A favela tem que deixar de ser favela". Esta foi a frase mais coerente que ouvi de um sociólogo que, por não dar opiniões que refletem o senso comum, nunca mais deu entrevistas na TV. Não lembro seu nome, mas está aí a reflexão.

    Abraço

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  5. Lauro,

    Muro na favela não contém o crescimento dela. O que impediria isso é emprego, aumento de renda e planejamento urbano...

    Bjs

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  6. Sim, emprego, aumento de renda e planejamento urbano. Essas coisas não existem ou quase não existem. E deveriam existir! Mas além dessas coisas importantes, é preciso haver uma consciência da população de que desmatar só gera problemas! Problemas graves! E essa consciência, que é papel do governo estimular, não acontece do dia pra noite. Então a solução é planejar, tornar a favela, de fato, parte da cidade. Mas enqto isso, não gostaria de ver mais NENHUMA árvore sequer ser derrubada! Então se o muro ajudar/ajudasse nisso, sou a favor sim.

    Até pq o muro não é pra afastar a favela da cidade. É (ou deveria ser) pra afastar a favela da mata atlântica. Mas o contato geográfico com o asfalto continuará (ou deveria) como está. E o recado seria para que não desmatassem mais. Recado dado a todos, não apenas os mais pobres. Mas, como vc mesma mostrou, para os que têm (com acento) dinheiro e querem construir por lá também.

    Pobre do povo que precisa ser afastado da mata! Deveria saber conviver e preservar. Mas não sabe! Então enqto aprende...

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  7. Acho sim que o que os resta de Mata Atlântica deva ser preservado. E que essa proteção passa pelo controle do crescimento urbano da cidade. Impedir novas construções é também uma forma de proteger esse pequeno cinturão verde, que será de imensa valia quando - se as previsões catastróficas das consequencias do aquecimento global se confirmarem - precisarmos desesperadamente de oxigênio frente à abissal emissão de dióxido de carbono. Impedir as novas construções é fundamental, seja para ricos ou pobres. A questão da segurança é que é absolutamente dispensável quando falamos de preservação. Não é o muro que resolverá o problema. Até porque se assim fosse, os caras não fugiriam como fogem de penitenciárias. bjs

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  8. Lauro,

    Antes de pensar na árvore, me desculpe, penso em quem passa fome na favela (nesse caso específico). Só há CHANCE de ter consciência ambiental quem tem cidadania plena... Eu disse chance. Porque os empresários têm cidadania plena, mas não tem consciência ambiental. Antes de cercar os pobres, devemos cercar os ricos.

    Verônica,

    Foi como eu disse para o Lauro, vão cercar as pessoas erradas.

    Bjos!!

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  9. Aline, quem passe a fome e as àrvores e toda a natureza têm, pra mim, a mesma importância. Cuidemos de quem tem fome sim. Cuidemos da educação. Uma educação decente, afinal ter educação e fazer o que as pessoas normalmente fazem (crescer, se formar, conseguir um bom emprego, casar, reproduzir, envelhecer e morrer) é mto pobre! É preciso algo mais, é preciso ajudar os demais e deixar um planeta melhor para os que vierem depois. Então concordo qdo diz que a consciência é fundamental. E para tal é preciso não apenas colocar todos na escola, mas repensar que educação é essa que queremos.

    Portanto é preciso pensar a longo, longuíssimo prazo. E tb a curto prazo e é a curto prazo que penso qdo defendo o muro (desde que, repito, cerque a mata, não a favela da cidade), pois estamos bem perto de não haver mais nenhuma árvore pra contar a história.

    E pelo andar da carruagem, não vamos mais ter mata e as pessoas vão continuar com fome!

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  10. Para termos algo além do que é "mto pobre", como você define, é preciso educação. É o primeiro passo de todos. E acho que a medida imediata não é cercamento, é lei que se cumpra.

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  11. Não há uma medida imediata! Há várias!

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