Há quase uma semana uma patrulha da PM fica estacionada a poucos metros da minha casa. No começo, estranhei a novidade, apesar de julgá-la mais que necessária. Com o decorrer dos dias, percebi que eles estavam ali para ficar. Minha surpresa foi ainda maior quando eu constatei que, além da patrulha estacionada, o 6º BPM (Tijuca) continuava a fazer as rondas pela região. Na verdade, estranho é achar estranho ter a polícia por perto.
Na manhã de sexta-feira (10/07) eu passava pelo Largo da Segunda-Feira por volta das 7h40, enquanto os pedestres ainda estavam jogados ao chão e alguns motoristas escondidos nas laterais de seus carros. Segundos depois vi um corpo estirado no chão e pensei que fosse o bandido. Infelizmente, era o cabo do Batalhão de Operações Especiais (Bope) - Ênio Roberto Santiago dos Santos, de 32 anos – que, enquanto tentava evitar um assalto, foi baleado e acabou morrendo no sábado.
Os comentários que mais me impressionaram foram:
1- Ele não deveria ter reagido. Seria só mais um assalto... Foi bancar o herói e agora vai virar estatística (comentário de leitor).
2- Tijuca amanhece sem reforço no policiamento. Largo da Segunda-Feira conta com um policial a pé. (manchete de site).
Em primeiro lugar, se ele não tivesse reagido, poderiam ser dois mortos agora: o casal assaltado. O policial, por mais injusto que seja com a família, está (ou pelo menos deveria) 100% voltado para a segurança da população. De serviço ou não. É inerente à prática policial.
Em segundo lugar, a mídia não mente sobre o perigo da Tijuca, mas alimenta o imaginário de campo de guerra. O policiamento estava reforçado antes mesmo de o policial ser baleado. De que adiantaria 20 policiais hoje no local do crime? Nada. Assim como nada adiantou o reforço na Rua Uruguai com Conde de Bonfim após o segundo assalto a Marcelo Yuka. Há dois meses a patrulha foi alvejada por tiros.
Renovam-se as esperanças de uma política de segurança pública melhor com o novo comandante-geral,Mário Sérgio de Brito Duarte*?
* Gonçalense, ex-Bope, bacharelando em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), autor do livro "Incursionando no inferno - A verdade da tropa".
Obrigado, prefeito!
Há 9 anos
Quem nunca doou cinco minutos do seu tempo pelo outro jamais entenderá quem doa a vida. O policial passou a vida sabendo que não teria o reconhecimento pleno, e mesmo assim seguiu em frente. Passamos por muitas decepções e alguns optam por um ceticismo sem lógica. Não acreditam, mas querem a polícia. Não confiam, mas procuram o Judiciário. Não esperam, mas acabam nas mãos do Corpo de Bombeiros. Só com estratégia, o novo comandante-geral não atingirá o objetivo: uma polícia preparada, motivada e bem paga.
ResponderExcluirOi Alina!
ResponderExcluirEu também moro na Tijuca e situações como esta me deixam com cada vez mais medo...
Como você eu também acho que a mídia piora ainda mais a situação do bairro que inegavelmente já é um lugar perigoso. Hoje tenho amigos que moram na Zona Sul e tem medo de atravessar o túnel para me visitar, será que a mídia está sendo justa com os moradores do bairro?
O que aconteceu com o policial do Bope poderia tem acontecido em qualquer outro bairro da cidade, mas quando é na Tijuca a coisa acaba tomando uma outra dimensão...
Só espero que Ênio não tenha morrido em vão...