terça-feira, 2 de março de 2010

i Hasta la revolución !

Dou mais uma vez o metrô como exemplo. Mas dessa vez o foco da discussão é outro. Semana passada eu estava na estação Catete (parti de Botafogo) quando um problema na Central parou o sistema. Nem ia, nem vinha. Me devolveram o valor da passagem e percebi que o problema poderia ficar mais sério. Se os usuários resolvessem se rebelar, seriam chamados de vândalos, como acontece com os usuários da Supervia. Pobres são bárbaros no espaço dos pobres. Pobres são vândalos no espaço de ricos.

Outra vez, questionado por mim sobre a falta de ar condicionado, um vigilante do metrô me devolveu com outra pergunta: "Mas todas as composições estavam sem ar?", como se uma fosse aceitável. E disse ainda que a empresa estava investindo, mas que "acontece mesmo" de alguma composição estar sem ar condicionado. Nesse mesmo dia tentei ligar para o 0800, mas não consegui. Não é raro também algum passageiro, nessa situação, passar mal. Outro problema é o que fazem com os passageiros da Linha 2, já comentado por aqui.

Nosso governador não anda de metrô. A Agetransp não anda regulando bem. O 0800 da concessionária não me atende. Ouvi dizer que a previsão de estabilização do serviço é 2011. O MP deu 15 dias para a empresa regularizar a situação da Linha 1A por causa de risco de acidente na Central. A quem pedir ajuda?

Gritei para a imprensa e agradeço aqui aos jornalistas Fernando Molica (O Dia) e Ricardo Boechat (BandNews FM), que prontamente me ajudaram e gritaram junto comigo. Ambos me afirmaram que o assunto era recorrente em seus veículos.

Me marcou o comentário de Boechat por e-mail: “Já relembrei no ar, várias vezes, o quebra-quebra de 1959, que destruiu a antiga Cantareira e levou à estatização do serviço. As barcas melhoraram muito, usei-as por muitos anos, até voltarem à iniciativa privada (não sou contra, mas tem que funcionar). Acho que a coisa só vai mudar se a população chamar a si a reação. Não estimulo revoltas, mas entendo-as e solidarizo-me com os revoltosos."

Como respondi, chamar para si a reação é fundamental, mas acho que a nossa se perdeu em algum lugar da década de 80. O Estado precisa respeitar o povo de alguma forma e quem sabe temê-lo. Pode ser uma saída.

É tempo de revolução? É chegada a hora de uma reação. Diante disso, amadureço a idéia de produzir faixas para pendurar em minha janela. E busco simpatizantes. Além disso, tenho pensado com carinho em filiação política, que a meu ver seria uma forma de participar mais ativamente de uma mudança de rumo.

4 comentários:

  1. Excelente colocação! E ontem eis que, além do metrô, o ônibus da cidade tb resolve não atender a população. Onde vamos parar?

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  2. Reagir civilizadamente é atitude inteligente e que serve de exemplo não só para ricos como para pobres. Reagir é uma maneira de expor a insatisfação por alguma coisa que anda errada ou que não satisfaz. Metrô, trem, ônibus, barca... eis o que a cidade da Copa 2014 e da Olimpíada 2016 pode oferecer. Será que melhora até lá?

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  3. É verdade. O povo perdeu o poder de reação nos anos 80. Com algum resquício no começo dos anos 90, na época do Collor. Mas hoje estamos todos anestesiados. E isso me inclui. Obrigado por fazer o efeito da anestesia arrefecer...

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  4. E aquela história da primeira dama do Rio de Janeiro, a mulher de Cabral, trabalhar em um escritório de advocacia que defende o Metrô? Engraçado que a grande imprensa esqueceu rapidamente desse pequeno fato....

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