
No embalo dos meus ajustes na monografia, do resultado das eleições, de algumas críticas que li no jornal e das quais discordo sem surpresa e, claro, da estreia, fui ver Tropa de Elite 2 ontem. Adorei o filme. Nenhuma surpresa também, já que li o livro com certa paixão e vi o Tropa 1 tomada de alguma emoção.
O roteiro é impecável, as cenas de ação são muito bem dirigidas, a mistura de histórias que montou novos personagens foi muito bem alinhada e o 'Beto' grisalho é ainda melhor. Não pude não reproduzir esse comentário gracioso que ouvi da poltrona ao lado e do qual não discordo. Me permito o riso porque ele também esteve presente em muitos momentos do longa. Não direi aqui nada que prejudique quem não viu o filme ainda. Fiquem tranquilos. Só comentarei sobre o que todos já sabem.
O deputado defensor dos direitos humanos me lembrou uma colega do curso de Sociologia Urbana com a qual tive um debate caloroso - mesmo que por e-mail - sobre o assunto quando um PM atirou na cabeça de um assaltante que ameaçava uma refém com uma granada numa farmácia de Vila Isabel, Zona Norte do Rio. Não sou de ciências sociais, todos sabem. Como ela mesma disse: "não acredito que você defende essa ação da polícia depois de ler e discutir tudo o que foi lido e discutido no curso sobre as razões que levaram aquele homem a estar naquela situação".
É, eu ajudei aquele PM a puxar aquele gatilho. Acho que meu pensamento está mais para Capitão Nascimento que para direitos humanos. Mesmo sendo capaz de entender o que deixou a cidade
assim, penso com dificuldade na possibilidade de a violência chegar perto de mim e eu pensar em direitos humanos. Acho que as reivindicações de diretos humanos deveriam vir antes da
violência com os tais direitos de cidadania dos quais os pobres são privados. Educação, saúde, emprego, urbanização e urbanidade.
Não, eu não defendo chacina. Minha dificuldade está em imaginar que, se num assalto a minha mãe estiver com a arma na cabeça dela - como já esteve há 30 anos num banco - e um policial puder encerrar aquele terror, eu ainda não pensaria nesses direitos humanos que vemos por aí. Falha minha. Mas não sei se quero pensar diferente, mesmo achando que deveria. A questão é que eu acho que os defensores desses direitos humanos também ajudam a puxar o gatilho. E viciado também ajuda. Mas quem lucra com isso não só puxa, como pensa no gatilho. E isso é grave. E essas pessoas só são combatidas com voto. E como pensar no voto quem não tem bens de cidadania? A escolha é plena ou viciada?