Os próximos posts do Cityando serão dedicados a impressões registradas durante meu trabalho de campo no Santa Marta, sobre como a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) impactou a população do morro.
Sim, a comunidade recebe bem quem é de fora. Sim, está acostumada a ser modelo. Lá foi a primeira favela do Rio a receber a UPP, a ter um esboço de urnanização e, por isso, ser alvo da curiosidade de artistas, cineastas e acadêmicos.
Sim, a parcela pequena da população com a qual conversei é ciente de que as melhorias beneficiam mais o asfalto e menos morro. Mas, segundo eles, "temos que tirar o nosso proveito".
Sim, a fama da polícia continua ruim. E as histórias já são conhecidas por nós. Agressão verbal, física e envolvimento dos policiais com as meninas do morro.
Não, a UPP não mudou radicalmente a vida daquelas pessoas. Pelo menos, essa é a impressão inicial. De fato, o medo de uma guerra repentina não existe mais. Mas agora a comunidade convive com roubos, brigas violentas entre vizinhos e até estupro. Ninguém prefere o tráfico ou recusa a ação do Estado através da polícia. Simplesmente enxerga com racionalidade os prós e os contras.
E segue a vida de batalha.